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Umuarama, Paraná, Brazil
Arquiteta Especialista em Design de Interiores, apaixonada por arquitetura, arte, moda, música, design e cinema. É parte integrante do Corpo Docente da UNIPAR - UNIVERSIDADE PARANAENSE, no curso de Arquitetura e Urbanismo. Seu escritório está localizado na Av. Maringá, 5046 - Edifício Ravel Tower, na cidade de Umuarama, no Paraná. A arquiteta prima por projetos sofisticados, exclusivos e adaptados às mais diversas necessidades de seus clientes.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Arquitetura e Decoração: Artigo da Arquiteta Michelle Faura Ferrarini sobre o uso de tecidos na decoração

Neste artigo, a Arquiteta Michelle Faura Ferrarini explica sobre o uso de tecidos na decoração e no design de interiores.

Olá leitores!
Hoje vou explorar um assunto bem interessante para a decoração e o design de interiores: o uso de tecidos! Vocês irão perceber que a variedade de padrões e texturas podem valorizar bastante um projeto! Aproveitem as dicas!

Os tecidos vem se tornando uma grande tendência a ser utilizada na decoração de interiores. Hoje, já é possível encontrar uma série de diferentes padrões e texturas a fim de dar um toque especial tanto em áreas residenciais, como comerciais.
  
Florais, listrados e xadrezes são alguns exemplos dos padrões mais utilizados na decoração por meio dos tecidos.
Fonte: http://www.blog.etica.com.br/


 E, como em qualquer área, para o desenvolvimento dos tecidos é preciso uma vasta pesquisa a fim de reforçar e melhorar a qualidade dos mesmos na decoração do mercado brasileiro. Desta forma, por meio deste objetivo que surgiu o TexBrasil Decor, que nada mais é que um comitê composto por diferentes empresas que procuram a melhor maneira de desenvolvimento contínuo no setor de design de tecidos, com muita criatividade e tecnologia.

Olhem que legal este exemplo, pois o tecido vai além da colcha e das almofadas, invandindo a cabeceira da cama e a cúpula do abajur. Lembrem-se que os padrões e as cores devem ser coordenados para gerar uma harmonia no projeto.

Um dado interessante fornecidos pelo TexBrasil Decor é que este grupo que faz parte deste comitê é responsável por uma produção estimada de 2,5 milhões de metros de tecidos por mês, em jacquards, chenille, maquinetados, rústicos, rendas, voil, organzas, matelasse, estampados e black-out. Essa produção é comercializada no Brasil e no exterior, e é utilizada na confecção de cortinas, estofados, revestimentos, tapeçaria, artigos de cama e mesa, entre outros.

Está aqui outra sugestão para cabeceiras de dormitórios: forrar painéis de mdf em diferentes tecidos harmoniosos. Detalhe: sabem por que a combinação ficou tão harmoniosa? Pois as cores base dos diferentes tecidos são as mesmas, ou seja, bege e marrom. Desta forma foi possível abusar nos padrões. Bacana né?

Segundo Ramiro Sanchez Palma, estamos na era do “fim do absolutismo na decoração.” Graças a diversidade dos tecidos e da tecnologia estamos vivenciando a época da democracia dos estilos, não havendo limites para brilhos ou estampas.

A mesma sugestão dos painéis forrados em mdf pode se estender para a sala de estar ou uma circulação, por exemplo. Observem a coordenação das cores: amarelo, verde e azul. Apesar dos tecidos serem tão diferentes, todos eles tem uma dessas cores em comum, deixando o espaço bem harmonioso.

De acordo com Juliana Lopes, os tecidos atuais representam um show de cores e texturas. Além das fibras naturais que são a grande aposta das empresas, tons mais quentes como o turquesa, laranja, rosa e o vermelho, estão totalmente em evidência. Estampas mais ousadas como folhagens e listras também estão em destaque, não deixando de fora a padronagem clássica e o floral – que são os grandes curingas da decoração.

O uso dos tecidos na decoração pode ser aplicado através dos tapetes, almofadas, mantas e até de tecidos emoldurados fazendo a vez de um belo quadro! Dica: cuidado na execução, pois como no caso da foto, o tecido pode enrugar e prejudicar o efeito desejado. (Só para informar que o projeto não é meu rss)

As restrições para o uso dos tecidos ficam por conta da inovação e criatividade, sendo possível aplicá-los tanto em áreas internas, como externas.

Dica: os tecidos usados em áreas externas devem ser impermeáveis, pois desta forma eles não sofrerão efeitos danosos sob a ação da exposição solar e das chuvas.

Na decoração de áreas internas é possível utilizar as cores, texturas e padrões dos tecidos para revestimento como um forte aliado, tendo o poder de modificar um ambiente com um simples e interessante toque.


Nas paredes, os tecidos dão aconchego e podem criar ambientes sofisticados e interessantes.

Sofás, almofadas, mantas, paredes, cabeceiras de camas, tetos, podem receber estampas e texturas com diferentes tramas e fibras (naturais ou artificiais). Linhos, sedas, sarjas, couros e algodões ganham estampas exclusivas, lavagens especiais e aplicações artesanais.

Dica: para tornar a composição mais clássica deve-se usar um "roda meio", ou seja, uma moldura que pode ser em madeira ou gesso e que divide a parede ao meio. Desta forma pode-se aplicar 2 materiais criando diferentes texturas e deixando o ambiente bem elegante.

Para a harmonização dos tecidos, a Arquiteta Beatrice Goldfeld dá uma interessante dica: “Quando utilizar a forração com tecidos de estampas ou desenhos diferentes é melhor que as tonalidades fiquem bem próximas”. A combinação pode se dar também por um estampado, listrado ou floral e diferentes tons lisos, brincando com a cartela de cores através das poltronas, sofás, almofadas. Segundo Neza César é possível também combinar o floral com o tweed, sendo uma alternativa clássica.

Dica: o marrom mesclado com tons de dourados é uma tendência fortíssima para este ano de 2011! Trouxe essa novidade quentinha de um curso de interiores que acabei de fazer em SP!

Os tecidos são tão práticos que podem ser utilizados até mesmo em lavados, como é o caso do exemplo da foto abaixo. O lavabo ganhou charme e sofisticação com a parede revestida por um tecido.


Dica: na maioria das vezes o tecido é mais econômico que o papel de parede. Porém exige um cuidado maior nas emendas. Uma solução que pode ser utilizada é costurar o tecido antes de fixá-lo com cola na superfície. Outro detalhe: no caso de aplicar o tecido em áreas molhadas não se esqueça de optar por tecidos sintéticos e impermeáveis.

Como explicado anteriormente, Neza César reforça que não podemos nos esquecer dos tecidos chamados “caipiras brasileiros”, protagonizados pela alegre chita. “Misturá-los num ambiente pode render uma atmosfera acolhedora. O importante ao casar estampas é pinçar uma cor e repeti-la em todos os tecidos, isso garante uma harmonia visual”.


O tecido em chita trás uma alegria incomparável a qualquer outro, deixando o ambiente super alegre e divertido.

Já os tecidos das áreas externas precisam ser especiais devido à sua característica principal de impermeabilidade, podendo ser utilizados em móveis, estofados ou almofadas. O “Acqua Block” é um exemplo interessante, pois contém uma resina especial que protege o fio e penetra na fibra, tornando-o impermeável. Além disso, segundo o fabricante, os tecidos possuem outras características interessantes como:
- ecologicamente correto
- 100% impermeável
- resistência aos raios solares e intempéries
- resistência ao esgarçamento
- resistência a formação de bactérias
- resistência contra formação de manchas aquosas e oleosas
- resistência a rachaduras


Dica: o tecido Acqua Block é da marca Karsten, facilmente encontrada em lojas de tecidos.
 Outro fornecedor maravilhoso, e quando digo isso, não me refiro apenas aos impermeáveis, é a Regatta tecidos.

Outra dica interessante dada por Cesar é que os tecidos funcionam ainda como uma excelente ponte entre o passado e o presente. Fica charmoso revestir móveis modernos com antigas padronagens francesas, inglesas ou orientais. O mesmo acontece quando se usa um revestimento atual numa peça antiga.






Lembre-se que não existe moda ou regra para o uso dos tecidos. Aqui, vale o estilo e a personalidade de cada um. Portanto, não se prenda a padrões e muito menos tenha receio em investir no que você considera belo e elegante.

Este é um exemplo de ambiente pelo qual venho aprendendo a admirar! A mistura do clássico com o moderno aliado a essas cores fantásticas geraram um espaço sensacional a meu ver! Tudo uma questão de gosto!

Espero que tenham gostado da matéria de hoje.

Beijos,

Arquiteta Michelle Faura Ferrarini

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Arquitetura e Decoração: Artigo da Arquiteta Michelle Faura Ferrarini sobre Design de Cadeiras

Neste artigo, a Arquiteta Michelle Faura Ferrarini explora sobre o design de cadeiras, sua diversidade e a natureza de suas ligações.

Olá meus queridos leitores. Antes de mais nada gostaria de desejá-los um Feliz 2011. Bem, começo o ano explorando um tema pela qual, como qualquer arquiteto, sou extremamente apaixonada: Cadeiras!



Projetada por Charles e Ray Eames em 1948, a poltrona La Chaise foi concebida para a competição do "Organic Design in Home Furniture" ou seja, o Design orgânico dos móveis residenciais, no Museu de Arte Moderna de Nova York. A poltrona é tão interessante que serve ao mesmo tempo para sentar ou deitar devido às suas formas ergonômicas. Clean, moderna, funcional, lúdica, elegante, sofisticada e simples! Impossível definir esta poltrona apenas com uma palavra!

A cadeira é uma das peças mais estudada, produzida e criada durante toda a história da evolução do design. Além disso, é o artefato sobre o qual mais se escreveu e que mais é apreciado pelos usuários. Mas por que será que esse objeto é tão importante em nossas vidas?

Projetada pelo designer argentino Batti, esta cadeira chama-se placentero. Ela foi nomeada assim justamente por aconchegar tão bem a pessoa e fazer uma alusão à placenta. O designer afirma que desenvolveu vários estudos sobre a experiência dos seres humanos antes do nascimento  Não é demais?

Segundo Charlotte e Peter Fiell “ao nível funcional, a cadeira cria ligações físicas e psicológicas com o indivíduo que nela senta através da sua forma e uso de materiais. Ao mesmo tempo, pode incorporar significados e valores ligados ao utilizador a nível intelectual, emocional, estético, cultural e até espiritual.”


Com design de Eero Aarnio e denominada Bubble Chair ou "Cadeira Bolha", esta cadeira é mais uma criação fantástica, funcional, confortável e super style!


Desta forma, percebe-se que a cadeira não é apenas um mero mobiliário de sentar, mas pode se tornar uma peça que nos permite criar vínculos afetivos, transmitindo e repassando sentimentos e emoções.

Projetada pela designer Baba Vacaro, a poltrona Mandacaru consiste em 6 almofadas unidas como pétalas de flor. Uma ideia simples e extremamente interessante.


Além do mais, no design de cadeiras, um dos assuntos interessantes é o conceito de suas ligações, já que nenhum outro tipo de mobiliário possibilita criar ligações entre elementos de forma tão diversificada. E, devido a esse fato, os designers e as indústrias investem no projeto e produção de cadeiras mais do que em qualquer outro tipo de móvel.

Projetada por Verner Panton em 1960 a Panton Chair é uma cadeira super clássica do design moderno! Uma curiosidade: foi o primeiro modelo moldado por injeção de um só material em uma só peça.

Fiell ainda afirma que “o sucesso de uma determinada cadeira sempre dependeu da qualidade e da gama de ligações que ela cria, ou daquilo que o designer consegue fazer através dela, atendendo a uma necessidade específica.”

A cadeira Coconut foi projetada por George Nelson em 1955 e é outro ícone do design internacional. Curiosidade: como sugere seu nome "Coco", sua forma foi inspirada na secção de um coco partido.


Já Frederick S. diz: “as ligações, as ligações. Serão no final estes pormenores que dão vida ao produto”.


Esta poltrona é uma opção ecológica super bacana. O nome dela? Poltrona Sushi projetada por Fernando e Humberto Campana. Ela é feita de poliuretano, EVA, feltros, plásticos e sobras de tecido.

J. & M. Neuhart afirmam que “eventualmente tudo se liga – pessoas, ideias, objetos, etc.,... a qualidade das ligações é a chave para a qualidade por si própria.”

Projetada em 1938 por Jorge Ferrari Hardoy, Juan Kurchan e Antonio Bonet, a poltrona Butterfly exibe todo o seu charme e a sua delicadeza nas mais diversas capas com estampas exclusivas.

Em um sentido mais amplo, o design de cadeiras liga-se a diferentes ideologias, abordagens de fabricação e fatores econômicos. A cadeira também pode realizar ligações visuais e funcionais de acordo com o contexto a ser utilizado, incluindo até mesmo outros objetos e estilos. Mas, a ligação principal que a cadeira, o designer e o fabricante proporcionam é a universalidade de atração da cadeira e o impacto ambiental da sua construção, uso e possível venda.

Outra poltrona extraordinária é a Wassily, projetada por Marcel Breuer. Dá pra acreditar que um design tão moderno como este foi projetado em 1925? Curiosidade: a poltrona recebeu este nome pois foi desenhada especialmente para o apartamento do pintor Wassily Kandisky na Bauhaus (Escola de Arte, Design e Arquitetura na Alemanha).


Ao longo dos últimos 150 anos, a evolução da cadeira se desenvolveu juntamente com a arquitetura e a tecnologia, refletindo as necessidades e preocupações da sociedade. Como disse George Nelson em 1953 “todas as ideias verdadeiramente originais – todas as inovações no design, todas as novas aplicações de materiais, todas as invenções técnicas para o mobiliário – parecem encontrar a sua expressão mais importante na cadeira.”

Projetada originalmente em 1917 com acabamento em madeira natural, a revolucionária cadeira "Red and Blue" projetada por Gerrit Rietveld apareceu pintada desta forma em 1921 como resultado da sua associação ao movimento artístico De Stijl.

Na atualidade este fato acaba sendo expresso através de cadeiras ergonomicamente confortáveis, refinadas e com acabamento cada vez mais perfeito. Em se tratando de cadeiras de escritório, por exemplo, o mercado acompanha os constantes avanços técnicos impostos por leis e normas relativas à saúde, segurança e bem-estar do usuário trabalhador.

Projetada por Arne Jacobsen em 1957, a poltrona "Egg" é o resultado da extensa pesquisa de Jacobsen no campo da leveza e das formas fluidas que requeriam um mínimo possível de acolchoamento para obter conforto. Curiosidade: a cadeira foi originalmente desenhada para o Royal SAS Hotel em Copenhagen.


De acordo com a grande maioria dos designers, conseguir uma boa solução para os problemas impostos pela cadeira é um desafio complexo já que, as cadeiras devem suportar pessoas de forma e tamanho variado, por períodos de tempo diferentes e por motivos diversos, seja para comer, ler, descansar, trabalhar, esperar, escrever ou estudar.

A cadeira "Ant" - formiga - foi projetada em 1951 por Arne Jacobsen. Ela foi desenvolvida em contraplacado moldado e atingiu um caráter de afirmação visual que teve e continua tento o maior sucesso.

Assim, cada posição de assento adquire seu próprio grau de significado social e grupo de convenções, incluindo as limitações ortopédicas. Para se ter uma ideia, na maioria dos casos, a cadeira suporta adequadamente o peso de quem a usa a uma determinada altura para que as pernas mantenham-se penduradas e os pés fiquem ao chão. “Nesta posição de assento convencional, o peso da cabeça e do torso é descarregado na pélvis e nas ancas”, afirma Fiell.

A poltrona Floris com design de Gunter Beltzig, foi lançada na Feira de Mobiliário de Colônia em 1966, sendo a primeira cadeira de uma só peça de plástico adaptada à produção em massa. Curiosidade: a cadeira explora ao máximo o potencial da fibra de vidro, e por meio de 2 moldes o ciclo de produção demorava em torno de apenas 5 minutos!

Porém, um dos maiores problemas com relação às cadeiras diz respeito à relação física de seu assento, nos obrigando muitas vezes a trocar de posição em uma média de 10 ou 15 minutos. Desta forma, “quanto mais exata for a forma da cadeira para proporcionar um suporte estático e postura (ideais) para uma estrutura humana média, mais ela garante o desconforto, e assim o stress psicológico das pessoas com anatomia fora da média ou daqueles que não querem assumir essa postura específica. Será, por isso, seguro dizer que, apesar de a capacidade de encontrar apoio lombar correto ser importante, especialmente em cadeiras de escritório, não é tão crucial como o fato de a cadeira permitir um movimento livre das pernas do utilizador e que este possa fazer ajustes frequentes de postura”, diz Charlote.


A pantower foi criada por Verner Panton em 1968 para a Exposição Visiona II.
Curiosidade: A cadeira foi considerada em certos meios no final dos anos 60, não como equipamento para a casa, mas como suporte para relações interativas.

Portanto, para uma posição de assento mais confortável e saudável, a cadeira deve permitir a liberdade de movimento e a variedade de posturas. E, apesar dessas considerações técnicas sobre a estrutura da cadeira, o mais interessante é a ligação que o usuário pode manter de forma física e psicológica de acordo com contextos culturais diferentes, sendo muitas vezes adquiridas por razões de ordem simbólica, estética e de moda.

Cadeira Anêmona, projetada pelos irmãos Campana em 2000. Além da forma, os materiais utilizados também são totalmente inovadores.