Neste artigo, a
Arquiteta Michelle Faura Ferrarini explora sobre os conceitos e as facetas do estilo
minimalista. Afinal, o
minimalismo é o
mínimo ou o máximo?
O termo
minimalismo refere-se a vários movimentos artísticos e culturais, que marcou profundamente a base da criatividade dos artistas do século XX. A palavra foi aplicada pela primeira vez para designar o movimento artístico desenvolvido no final da década de 60, nos Estado Unidos, como uma reação contra a subjetividade e a abstração expressionista, além da oposição a ganância da sociedade daquela época. Justamente por esses motivos, o
minimalismo trabalha a
arte como uma redução ao
mínimo, em relação ao número de
cores, valores,
formas, linhas e texturas.
Porém, muito além do conceito de
mínimo, o
minimalismo é concebido para ampliar a essência do que é realmente importante, destacando apenas o ponto focal da
criação.
Simplicidade,
geometria, honestidade, universalidade, síntese,
claridade,
precisão, e aplicação de novas tecnologias e materiais, marcam esse
estilo que é inteiramente ligado ao movimento moderno.
E, falando de
arquitetura, como um ambiente tão
simples pode ser tão rico e significar tanto? É difícil explicar, mas a
pureza e a “limpeza” da forma simplesmente encantam alguns usuários adeptos a mais que um conceito, um
estilo de vida.
Na verdade, para nós brasileiros, é complicado aceitar e captar essa essência sintética, pois nossa sociedade foi “educada” para mostrar sua riqueza através da quantidade, do volume, da grandeza, do exagero e não por meio da qualidade aliada à
simplicidade. Não que isso seja pejorativo, mas faz parte da nossa cultura, da nossa raiz latina, cheia e rica de elementos.
Todavia, devemos considerar que não se cria ou se faz
minimalismo, se é
minimalista, se nasce deste modo. A cultura japonesa é para nós, um exemplo vivo e interessante. Assinalada como símbolo do essencial, o
estilo Zen procura eliminar todas as coisas supérfluas, buscando a
simplicidade, que segundo a filosofia budista, gera maior concentração e apreciação intensa de tudo que nos rodeia, tornando-se assim, o sonho
minimalista do século XXI.
Contrário a ideia da estética pela estética, a
arte minimalista faz uso do silêncio, da repetição, da tranqüilidade e do vazio. Identificado pela construção sem excessos, pelo uso de
cores neutras, materiais industriais modernos, pela ausência de adereços e adornos desnecessários, esse “
estilo arquitetônico” pode a princípio nos trazer uma imagem de um ambiente “frio” e desconfortável, em que a estética sacrifica o conforto. Por esse motivo, vários profissionais que adotaram esse
estilo não concordam com a denominação “
minimalista” e não admitem seu uso abertamente, já que o termo é muito polêmico entre eles. Mies van der Rohe, Álvaro Siza, Paulo Mendes da Rocha, Luis Barragan e Tadao Ando, são alguns exemplos de
arquitetos minimalistas que se inspiraram no conceito de “menos é mais”.
Agora, respondendo ao questionamento desse artigo, o
minimalismo consegue ser
mínimo e máximo ao mesmo tempo.
Mínimo em formas, em distrações não necessárias no espaço, em elementos supérfluos, e ao mesmo tempo, é o máximo em equilíbrio, harmonia,
simplicidade e qualidade do espaço.
E para finalizar esse artigo, termino com uma frase do designer Ou Baholyodhin: “Há duas maneiras de alcançar o prazer e a felicidade. Uma maneira é destacar a beleza sensual de tudo que nos rodeia. A outra é eliminar tudo que pode espalhar a sombra e a escuridão sobre a mesma.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário