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Umuarama, Paraná, Brazil
Arquiteta Especialista em Design de Interiores, apaixonada por arquitetura, arte, moda, música, design e cinema. É parte integrante do Corpo Docente da UNIPAR - UNIVERSIDADE PARANAENSE, no curso de Arquitetura e Urbanismo. Seu escritório está localizado na Av. Maringá, 5046 - Edifício Ravel Tower, na cidade de Umuarama, no Paraná. A arquiteta prima por projetos sofisticados, exclusivos e adaptados às mais diversas necessidades de seus clientes.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Arquitetura e Decoração: Artigo da Arquiteta Michelle Faura Ferrarini sobre Vitrinas

Neste artigo, a Arquiteta Michelle Faura Ferrarini explora o bom uso das vitrinas na arquitetura comercial.

Olá leitores,

Nesta matéria busco reforçar a importância de uma boa vitrine ou vitrina (as 2 formas estão corretas) na arquitetura comercial.
Aproveitem e boa leitura!










Fonte: http://www.mundodomarketing.com.br/


Olhem que interessante esta loja em Paris onde na própria composição da vitrine o arquiteto e designer tirou partido da chegada da primavera pra elaborar a composição.

Apesar de ser um espaço rígido e normalmente quadrado, a vitrina é uma mídia que deve estar sempre inovando, refletindo uma época, uma história e uma sociedade de consumo que alcançam interesse não só do usuário da arquitetura comercial, mas também da moda, das artes plásticas, do design e da fotografia.


Por meio de um estilo mais "barroco", a vitrine chama a atenção pela quantidade e disposição dos elementos. Neste caso, a roupa apenas faz parte do cenário e não é a peça primordial da composição.

 
Há algum tempo a vitrina deixou de ser tema apenas para amadores e apreciadores da moda, e passou a atingir um patamar da arte, passando a tarefa ao vitrinista, um profissional que tem o desafio de acender e instigar desejos, vontades e aspirações dos usuários, trabalhando a composição com sabedoria através de falta e excesso, cheios e vazios, texturas ou cores.



Vitrine clean, pop e moderna! Notem que apesar da quantidade de cores utilizadas no fundo da vitrina, as roupas se destacam, e ao mesmo tempo, se misturam com a composição.

 
De fato, as vitrinas devem traduzir o potencial do comércio em questão e demonstrar de forma criativa a exposição dos produtos para que se destaquem e se diferenciem do banal e da confusão, que normalmente acontecem na maioria das lojas.


Esta vitrina tem uma história interessante. Ela faz parte da loja Barneys, em Nova York, e não teve uma boa repercussão. Ela ficou exposta por apenas alguns dias e a loja foi chamada a se explicar devido a violência ao qual expôs os manequins. O diretor criativo da vitrina se justificou comparando sua criação a um filme do Hitchcock. Com certeza muitas cabeças rolaram no time criativo da Barneys. Apesar de tudo, a vitrine não deixa de ser interessante, não é mesmo?

 
Algo que todos sabem é que a vitrina nunca deve desfavorecer e desvalorizar um produto, pelo contrário, deve engrandecê-lo, torná-lo atrativo e encantador aos olhos do consumidor. Mas como tornar concreta essa realidade? A missão de arrumar e organizar uma vitrina parece simples, principalmente por ser algo que faz parte do nosso cotidiano, mas seu empobrecimento em relação à criação artística faz com que as vitrines atuais se mostrem como um espaço comum e não como um local que dá evidência aos produtos.



Esta vitrina demonstra que realmente criatividade não tem limites! A equipe contratada para fazê-la resolveu trabalhar com "manequins vivos" para chamar a atenção com relação aos materiais esportivos dos jogos olímpicos.


Na verdade tudo começa com a contratação de uma boa equipe de profissionais. Os chamados vitrinistas ou criadores de composição conseguem reforçar a imagem e a identidade de uma marca, acentuando o posicionamento da empresa e apresentando o produto ao consumidor. Já os diretores de visual merchandising desenvolvem temas filtrando exatamente o que é importante para cada marca, conforme a história da empresa. Juntos, esses profissionais buscam seduzir o consumidor fazendo com que o mesmo se sinta especial por adquirir este ou aquele produto que mostrará seu estilo de vida, imprimindo assim, uma assinatura pessoal e intransferível.


Vitrine demonstrando os principais personagens de um romance chinês que conta a trágica história de amor entre 2 aristocratas: Lady Lin Tai-Yu and Jia Pao-Yu. Vejam como a vitrine é bem elaborada e o cenário colabora perfeitamente para demonstrar a riqueza de detalhes deste romance.

 
Assim, independente da marca ou do serviço prestado, as empresas devem se preocupar imensamente com sua apresentação visual nas vitrinas, pois é o seu capital simbólico, seu selo, seu carimbo.



Composição com cores neutras que se harmonizam com as roupas expostas. Chiquérrima!


Existem também outros fatores que interferem e que devem se fazer presentes na apresentação visual da vitrina: o valor dos objetos, o atendimento da loja, o serviço que o acompanha, a história do produto e logicamente, suas qualidades.


Vitrine da Louis Vuitton em Waikiki. Muita segurança ou um minuto de celebridade?

 
O vitrinista português Carlos Grade, afirma que “A marca é a identidade e para que exista identidade deve haver diferenciação... alcançar identidade é sinônimo de legitimidade, de credibilidade, de afetividade e de personalidade. A identidade da marca sintetiza todo o esforço por construir uma coisa que podemos chamar de mil formas (produtos, objeto, serviços...) mas que, em definitivo, não é outra coisa do que satisfazer uma necessidade”.




Esta loja de luxo em Florença chamou a atenção ao dispor 18 flamingos voltados a uma maravilhosa pedra de ametista. Um conceito bem bacana!

Então, fica claro que quanto mais persuasiva e convincente for a vitrina, maior é seu poder de fazer com que o usuário queira entrar no quadrilátero encantador, charmoso e tentador que expõe produtos apaixonantes e interessantes.


Ange ou demon?

 As vitrinas de hoje, com suas superfícies envidraçadas acabam chamando a atenção somente pelo senso da visão, pois impedem que o usuário toque, manipule, cheire, ouça e sinta os produtos. Em uma perspectiva interessante podemos afirmar que a vitrina traz 2 lados diferentes. Do lado de fora, a transparência do vidro traz o ilusório, o intangível, o inacessível. Já do interior, o objeto se mostra acessível, ele vem até nós e então, agregamos um valor de uso a ele.


A união faz a força, ou neste caso, a quantidade e o ritmo!

 
Se considerarmos o cenário urbano, as vitrinas são de grande importância social, pois mostram exatamente o entendimento e a época dessa sociedade traduzida nos produtos. Elas qualificam o lugar em que se encontram e ajudam a construir tanto a imagem da loja como a do próprio espaço urbano que se insere. De fato, esses quadriláteros de vidro são uma forma de manifestar o imaginário social. Neles, se encontram objetos revestidos de valores que dialogam com um personagem: o usuário!


Outra vitrine da Louis Vuitton: simples e elegante!

 
As vitrinas incentivam a sensibilidade, proporcionando prazer aos usuários, estimulando-os a efetuar a compra e fazendo-os refletir sobre valores que lhes são apresentados e sobre os estilos de vida que a marca ou o produto representam. Deve haver assim uma identificação por parte do receptor – consumidor e do produto a ser consumido, refletindo assim as experiências, a relação com os serviços de determinada empresa, a posição na mídia e o gosto pelo produto em si. “A imagem da marca é um conjunto de representações ao qual se somam o histórico, o espaço, a personalidade, agregando valores importantes para cada usuário diferente” (MAYER E DEMETRESCO, 2004).



Outra vitrine da Barneys: um briefing.

Deste modo, indo do lúdico ao mágico, do sensual ao estético, do prazeroso ao sentimental, as vitrines devem criar histórias e narrativas que constituam espaços para descobertas informativas, culturais e estéticas. E, de uma maneira mais poética, pode-se dizer também que a vitrina deve propiciar o encontro do usuário com o seu “eu”, descobrindo e redescobrindo seus gostos, suas atitudes, seus desejos e até seus traços culturais.



Barneys de NY: chapéus expostos de maneiras inusitadas

Portanto, pode-se afirmar que as melhores recordações são essencialmente emocionais, e, por isso, a vitrine é um espaço onde são criadas ilusões de desejos ou necessidades, para que o usuário passe a querer possuir não certo objeto de valor econômico, mas de valores afetivos, sentimentais e passionais.



Esta loja encontrou uma maneira inteligente de atrair o público a olhar sua vitrine. Algumas jóias foram dispostas em gaiolas cor de rosa, sugerindo que a peça está "presa" e que você pode libertá-la a qualquer momento...basta comprar!

Bem, como deu pra perceber, montar uma vitrine é um trabalho sério que exige muito conhecimento e criatividade. Existem vários cursos de especialização específicos e uma área muito interessante e pouco explorada aqui no Brasil. Alguém se habilita?

Beijos,
Arquiteta Michelle Faura Ferrarini

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