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Umuarama, Paraná, Brazil
Arquiteta Especialista em Design de Interiores, apaixonada por arquitetura, arte, moda, música, design e cinema. É parte integrante do Corpo Docente da UNIPAR - UNIVERSIDADE PARANAENSE, no curso de Arquitetura e Urbanismo. Seu escritório está localizado na Av. Maringá, 5046 - Edifício Ravel Tower, na cidade de Umuarama, no Paraná. A arquiteta prima por projetos sofisticados, exclusivos e adaptados às mais diversas necessidades de seus clientes.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Arquitetura e Decoração: Artigo da Arquiteta Michelle Faura Ferrarini sobre design emocional

Neste artigo, a Arquiteta Michelle Faura Ferrarini busca respostas para a seguinte pergunta: Por que adoramos ou detestamos um objeto do dia a dia?


Se pararmos para pensar porque um objeto nos atrai, a princípio chegaremos a respostas diretas equivalentes à sua beleza, forma, cores, ou ainda devido à sua funcionalidade e praticidade. Porém, um estudioso no assunto, David A. Norman, demonstrou através de seu livro Emotional Design (Design Emocional) que o fato de adorarmos ou detestarmos um objeto vai muito além dessas simples questões.


No estudo do Design Emocional analisa-se além da forma física (geometria) e das funções mecânicas (praticidade), a “forma social” e as “funções simbólicas” do objeto. Ao projetarem um objeto, os designers levam em consideração o modo de vida, a cultura e a maneira como as pessoas interpretam e interagem com o meio social, e a partir disso, se dedicam a pesquisar e trabalhar com a emoção, com a intenção de proporcionar experiências agradáveis aos usuários.


Devemos ter consciência que as emoções são guias constantes em nossas vidas, afetando a maneira como nos comportamos, pensamos, tomamos decisões e interagimos uns com os outros. E, de acordo com Norman, as emoções são inseparáveis da cognição e fazem parte do sistema de julgamento do bom ou do ruim, do seguro ou do perigo e ainda da formulação de valores que nos permitem sobreviver melhor.



Alguns objetos são para nós muito mais que simples bens materiais, pois nos evocam emoções e sentimentos, como o amor, a felicidade, o aconchego, o apego. Muitas vezes, temos até orgulho deles, não necessariamente por estarmos exibindo nosso status social ou nossa riqueza, mas devido ao significado que eles trazem para nossas vidas. O objeto favorito é aquele que nos traz boas recordações, lembranças, memórias, histórias, ou até mesmo, um reflexo ou expressão de nós mesmos.


Mas assim como é fácil nos emocionarmos com determinado objeto, através da diversão, do prazer, da alegria e do entusiasmo que ele pode nos proporcionar, podemos também nos frustrar, ter raiva, medo, fúria e até ansiedade. É muito comum detestarmos objetos que precisamos interagir. Muitas pessoas sentem raiva ou frustração por não saber como lidar com aparelhos eletrônicos (celulares, mp3 players, computadores, notebooks, máquinas digitais) ou de alta tecnologia, por exemplo.


Outra questão interessante foi abordada nos estudos do cientista israelense Noam Tractinsky e dos japoneses Masaaki Kurosu e Kaori Kashimura. Através da análise do cérebro humano em resposta a alguns objetos, comprovou-se que objetos atraentes funcionam melhor e são mais fáceis de usar. Isso se deve ao fato das emoções mudarem a maneira como a mente humana soluciona problemas.



Baseado nessa teoria, a psicóloga Alice Isen afirma que ser feliz amplia os processos de raciocínio e facilita o pensamento criativo. Na verdade, o fato de o objeto ser belo faz com que a pessoa se sinta mais feliz e, por sua vez, faz com que pense de maneira mais criativa, solucionando os problemas com mais facilidade.



No mundo do design tendemos a associar emoção com beleza. Como dito anteriormente, é muito fácil alguém amar uma coisa que outro considere feia, como deixar de gostar de um objeto que outro julgue atraente ou bonito, pois as emoções refletem nossas experiências pessoais, associações e lembranças.


Este fato é comprovado por meio do livro “The meaning of things” (O significado das coisas), onde Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton constataram que os objetos especiais para cada pessoa só se tornam especiais por evocarem recordações ou associações importantes. Normalmente esses objetos envolvem histórias ou um sentimento especial para seus donos.

Podemos perceber facilmente que somos apegados a coisas que tem uma associação pessoal significativa, que é importante para nós, e nos trazem a mente momentos agradáveis e confortantes.

Talvez mais que um objeto, nosso apego ainda seja mais significativo em relação a lugares, pois o apego não é dado na verdade pelo objeto, e sim pelo relacionamento com os significados e sentimentos que a coisa representa. Como exemplo pode-se citar as fotografias, pois mais que qualquer outra coisa, as fotos possuem um especial apelo emocional: são particulares, contam histórias, evocam acontecimentos, mementos e recordações compartilhadas através dos tempos, de lugares e pessoas.


Enfim, amando, detestando ou sendo indiferentes aos objetos do dia-a-dia, nossa interação com eles existe e não podemos ignorar este fato. Alguns nos conquistam apenas pela sua aparência. Outros são adorados unicamente pela sua função e utilidade. E ainda, existem os que nos apaixonam pela confiança, serviço e pela pura e simples diversão. De maneira geral, as pessoas são muito apegadas aos seus objetos pessoais, pelos serviços que usam e pelas suas experiências de vida, pois cada um conta uma história, evoca uma lembrança, promove um sentimento ou uma emoção.

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